23 setembro 2005

ANGICO



A quem interessar possa

Ira Brito


Você já se imaginou morar num lugar onde não houvesse luz elétrica
e nada que costumeiramente temos acesso, como geladeira, televisão,
computador, Internet? Talvez você pergunte: é possível haver lugar assim
em pleno século XXI? É, sim!
Não pense que seja no Oriente Médio, China ou África.
O Brasil tem cerca de 12 milhões de pessoas
que vivem à luz de lamparina, como há dois séculos,
antes do americano, Thomas Edison, ter criado a lâmpada incandescente, em 1879.
Sabe-se que o governo federal quer iluminar todo Brasil até 2008.
Mas, promessas nem sempre se cumprem.
Um exemplo, no sertão do Ceará, revela isso.
Há pelos menos três pleitos eleitorais
a população viu os postes serem colocados
à frente de suas casas e retirados logo em seguida
ao término das eleições.
Nosso país não é bom para todos.
Não é bom para o pobre econômico,
o negro, o índio, as mulheres,
os discriminados nos seus mais variados rostos.
Nós, os privilegiados que sentamos em bancos universitários
e temos acesso a algumas mordomias deveríamos nos indignar mais.
A propósito do exemplo do sertão escuro, uma amiga aqui do Sul, Zeli Dambros,
voluntariamente, fez chegar luz ao povoado cearense de nome Angico.
Sensível, não mediu distância.
A gente de lá, agora pode ter acesso ao mínimo de conforto,
como assistir televisão, possuir uma geladeira e alongar sua visão de mundo.
Cabe a conhecida frase do poeta Terêncio:
Sou homem[humano], nada que seja humano me é estranho.
Obrigado Zeli! Você não imagina o tamanho da alegria
que proporcionou ao [meu] nosso povo
.

22 setembro 2005

PRIMAVERA



Primavera
Ira Brito

Primavera
Renascimento
Vida nova, fulgor
Juventude, beleza
As árvores explodem viçosas
Verdor e flores
Perfumes e cores
Os corações empedernidos
Amolecem
Os pássaros não perdem tempo
O raiar do dia é festa
Quem já não se emocionou com o canto do sabiá?!
Seu gorjeio é penetrante
Aos corações mais sensíveis pode até fazer chorar.
Chorar, rir ou simplesmente escutar.
O importante é sentir.
Primavera
É beleza sem preço
Encanto e simplicidade
Viver instantes de eterno prazer
É sedução, sensibilidade
Algo que não se explica, apenas sente-se
A primavera abre as portas de um novo tempo
Ela não hipnotiza, tampouco faz fugir da realidade
Ao contrário, abre-nos os olhos
Incita-nos a gostar da vida

21 setembro 2005

RAPIDINHA



RAPIDINHA
Ira Brito

A poesia lhe encheu os olhos
Falou de uma tíbia esperança
Meu Deus, como gosto de gente!
O futuro acena uma gris esperança
Olhei para o amigo de óculos
Por baixo seu olhar era confiança...

Ele gosta do pôr-do-sol
Viu que a lua saiu amassada
Mesmo assim estava tão linda
Deu um aperto de mão apressada
Sentiu uma energia tão boa
Sua alma ficou lavada...

Sentiu o gosto amargo
Assim aprenderá a lição
Bastava um instante de prazer
Para acalmar este vulcão
Por dentro queima em labaredas
A aparência esconde tensão...

19 setembro 2005

SABIÁ



Ira Brito

Há dias que o sol não aparece
Mas o Sabiá hoje cantou
Ainda estava escuro
Quando sua canção ecoou
É sinal que vem bom tempo
O coração logo palpitou...

Meu pai sempre disse
Que o Sabiá é abençoado
Quando ele canta é festa
A natureza manda um recado
Deus acredita nos homens
E perdoa qualquer pecado...

É sinal que o inverno acena
Dá lugar a primavera
As árvores viçosas brotam
Galho seco já era
A mãe terra alegra vibra
Vida além da quimera...

Humanos sejam felizes
Olhem só a natureza
Que bela sua harmonia
O ínfimo ser é grandeza
Cada broto é toda vida
Envolto em tanta beleza...

DOMINGO...



Ira Brito


Domingo chuvoso
Pode trazer tristeza
Às vezes dá tédio
E até incerteza
Um vazio na alma
E certa moleza...

Mas quando um amigo
Que não é "normal"
Sugere um programa
Também "anormal"
Passear na chuva
Tudo fica legal...

Dois guarda-chuvas
Um sapato furado
As poças de água
O pé bem molhado
Alguém escorrega
Quase é estatelado...

Quando Guerra é
Sobrenome de paz
Um amigo do peito
Isso é bom demais
Paradoxos fascinantes
Sentimento que compraz...

Os amigos riem
Sentem a natureza
Os assuntos fluem
Tudo é só beleza
Domingo agora é
Sinônimo de certeza...

O som da chuva
O cheiro de mato
A vida que pulsa
Nada é contrato
Ninguém atropela
O momento é ato...

Ato tão simples
Fincado na história
De duas vidas
Que não é ilusória
Alimentam os sonhos
E plantam memória...

Falam do hoje
E da vida futura
Olham pro céu
Admiram a natura
Ouvem sons das folhas
Comentam cultura ...

A chuva aumenta
O dia escurece
Os dois silenciam
Em forma de prece
Ambos e Deus sabe
A alegria que acontece....

A amizade é um mistério
Tão bom de sentir
Cada instante é eterno
Faz o mundo sorrir
Os medos se vão
Ninguém quer partir...

A amizade é um dom
Algo assim inefável
Quem a tem é feliz
Seu olhar é afável
Não anda amarga
Tem trato amável...

Se em nossos dias
Impera o superficial
Ainda há sentido
No mundo animal
Pessoas que aspiram
A vida total....