16 setembro 2006

DORES


por Ira Brito

no dia da Mãe das Dores


Dizem que o tempo cura
Por isso, te peço, Deus!
Alivia toda a dor
Deste tempo que não passa
Desta hora sem graça
Dos minutos tristes
Desta mágoa que resiste
No meu peito amargurado
Ferido e tão cansado...


Alivia, Deus, a dor!
A dor mais doída
Da gente sofrida
Que não encontra saída
Pros problemas da vida...

A dor mais doída
De quem não tem pão
Na mesa e no coração
Nem recebe atenção...

A dor mais doída
Do povo da rua
De alma nua
E dignidade roubada
Sem rumo, sem nada.
Com medo
Sem segredo...

A dor mais doída
Das mães lá do morro
Pedindo socorro,
Secando suas lágrimas
Em gemidos e lástimas.
Choram por suas crianças
Que eram as esperanças
Agora estão mortas
Por homens de mentes tortas...

A dor mais doída
Alivia, meu Deus!
A dor de todos que vagueiam
Neste mundo sem amor...


12 setembro 2006

EM SI

por Ira Brito

Na testa uma frase
Na vida uma farsa...

Na estrada um ente
Com a boca sem dentes
Ossos salientes
Olhar ausente...

Na estrada um ser
Em seu padecer
Querendo comer
O pão do viver...

Na estrada um humano
Cabisbaixo, tristonho
Feito cão sem dono...

Na estrada uma pessoa
Parecendo à-toa
Um gemido entoa
Sua vida não é boa...

10 setembro 2006

ESPIRAL

por Ira Brito


O silêncio não pode imperar
Não se pode calar
Quando ainda há força para gritar

Se há choro e ranger de dentes
E o medo apavora a gente
Não é culpa só do presidente
Se há grandes que dominam
E pequenos de triste sina
Não é culpa divina.
Não se pode fingir
Tampouco mentir
Ou dos problemas fugir.
Nem sempre
Quem cala consente...