11 fevereiro 2009

cãozinho

vi um um cão na rua
desses que não comem ração
ele olhou pra mim
com olhar de aflição
olhar de nenhum amigo
olhar de solidão

assobiei pra ele
o rabinho balançou
veio ao meu encontro
e minhas mãos beijou
meio envergonhado
seus olhinhos abaixou

acariciei sua cabeça
e segui o meu caminho
ele ficou ali parado
como quem não tem destino
de longe ainda me olhava
olhar de pobre menino

lembrei do cão das lágrimas
criação de saramago
da nossa cegueira branca
que ao outro nega afago
o caõzinho da solidão
foi para mim um mago...

4 comentários:

  1. Logo hoje Ira, uma poesia dessas, tô me sentindo como esse cachorrinho, só tá faltando você aqui. Tem dias que a gente tá daquele jeito, né? Querendo um afago quente qualquer, pode ser até do vento. Hoje tô assim. Aí te visito e parece que você adivinhou, parece que foi pra mim
    Abraços meu irmão.

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  2. Ai, tão lindo... Ira, imaginei tudo e esse olhar dele, essa humildade. E nossa cegueira branca, então? Escrevi sobre ela e o filme de Meirelles na revista Acontece Sul, não sei se você conhece. Dizem que ficou bonito mas eu ainda não vi.
    Beijos
    Carpe Diem!!!

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  3. Danúbio, há dias assim, e como sei deles. um afago procê. obrigado, viu. fica ana paz!

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  4. Biba, vou procurar a revista. com certeza deve ter ficado muito lindo mesmo. fiquei interessado pelo seu texto lá.
    obrigado
    bejim e paz

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