10 setembro 2009

uma nuvem

há sete meses não caia uma gota d’água no sertão. a terra sedenta e a paisagem cinzenta pareciam clamar por socorro do céu. uma nuvem escura no horizonte indicava proximidade de chuva. vendo a nuvem, e curioso como são as crianças, meu sobrinho perguntou: “tio, o que é que tem lá naquela nuvem?” antes que eu respondesse, ele acrescentou: “é água, é tio?”. sim, disse eu, sem muita convicção.
“tio, e por que a água fica presa lá? quem prende a água?”, continuo ele. procurei uma forma de responder. mas antes que eu me pronunciasse, ele rapidamente fez outra pergunta: “é Deus, tio?”.
se eu já estava com dificuldade de encontrar respostas, agora minha situação parecia piorar. sem esperar que eu respondesse, ele, com a ternura que somente as crianças têm, falou: “se eu fosse Deus não prendia a água, não”. dito isso saiu correndo ao encontro dos colegas, com quem brincava no pátio de casa.

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