31 agosto 2011

o vento levando agosto

os ipês estão nus 
sua beleza  fugaz
foi levada pelo vento 
que hoje veio sem paz
e levou as últimas flores

ipês são amores

desta larga janela
vejo duas palmeiras 
as palmas de ambas se tocam
se acariciam
suas copas querem alcançar o céu

meu pensamento foge
longe
me transporto para o alto
lá no cume do edifício hospitalar 
um urubu agoura
o preto e o azul se mesclam

me torno andorinha e voo entre outras duas
bem alto
depois me despeno todo
caio  

o vento sopra
ele vai levando agosto...

4 comentários:

  1. Amado Poeta, senti aqui dentro esse vento levando agosto, o meu agosto, o nosso agosto...ahhh Agosto... e na travessia da vida, agosteamos...
    ps: esse blog tá fofo ;)

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  2. "Agosto é mês do desgosto"?!... Como aceitar tal insinuação ao saborear o gosto desse poema tão aromatizado pela sensibilidade lúdica do Ira que traz a nítida sensação de que agosto não se evita, mas se vivencia?
    O Ira demonstra com a nata perspicácia literária que vale a pena encarar o cotidiano.

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  3. Prezado Afonso, gostei muito de sua visita. Muito afável e sensível seu comentário! Grato pela apreciação! Grande abraço

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