21 maio 2011

orifício

a tarde cai fria
o sol de sábado
entra pela janela em duas réstias
como dois olhos me mirando
ouço a rádio com dial de outro mundo
e a terra em mim girando


no peito pulsações acres
o céu azul se despede
e dói em mim
é a saudade do que nem chegou a ser


em breve a noite chega
e as paredes do quarto
serão a única companhia


os dedos que rastejam agora nestas letras
procuram se agarrar no fiapo de sentido
preencher o espaço ressentido...

18 maio 2011

vulcano

meus olhos ardem
de fome
a alma também

o azul do alto
está vazio
nenhum sinal lá no céu

até a lua cheia da manhã escondeu-se detrás da nuvem
aqui embaixo a abelha não encontrou néctar pro seu mel...