07 junho 2012

corpo e sangue

o corpo franzino
quase nu
olhar aguado
olhinhos turvos
entre a tênue curva
onde a vida é real
vau de dois riachinhos
e as carnes cansadas
da lida sem registro
subterrâneo véu da amargura
noite escura em pleno dia
ao redor
surdez do mundo
ninguém de si tenha dó
é um favor
sabe da dor
corpo e sangue...

desmundo

havia dia que ela morria
ninguém a percebia
mordendo vaga o dedo mindinho
o mundo suspendia
com o olhar nadando no vácuo
o nada absorvia
o nada...

05 junho 2012

imaginação

se o céu azul
que aprecio da janela
não é azul
e nem é céu
não me importa
importa-me imaginar
inundar-me deste azul profundo
sentir-me parte do mundo
se o que vejo e sinto não é real
eu posso torná-lo palpável
isso é dádiva...