13 fevereiro 2013

cinzas

as cinzas parecem mortas
nem estão
foram trituradas pelo fogo
e agora mansas e puras
dizem algo da vida
a cruz na testa é mais que a dor
é o amor humilde e generoso
capacidade humana de sonhar
liberdade para voltar
mudar
contornar feito rio...

saudade

saudade é a hora do crepúsculo sem o sol

solução

há quem tenha solução
para todo assunto ou questão
eu não tenho
nem me convenço
no bolso não levo nem lenço
meu mundo pode ser pequeno
simples feito um aceno
mas meu coração
cabe sonhos de todos os tamanhos...

além dos prefácios

num reino muito distante
havia um rei rodeado de muito luxo
mas sua vida era um lixo
era pobre para abrir as mãos
esplêndido palácio
mísero coração
na vida, muitos prefácios é posfácios
só das coisas dependia
existência vazia...

a vida é rio

pra viver a gente nem precisa de muita coisa
os penduricalhos geralmente falseiam a vida
e a vida não pode ser uma mentira...

sertanejo

o chão pode rachar
e a traíra e o cari morrerem na lama
trago nos olhos a esperança
do sertanejo que olha para o nascente
em longos tempos de seca
querendo ver um relâmpago
ansioso pelo dia da chuva 
e na ponta do nariz
o cheiro fértil de terra molhada..

madrugada

a madrugada guarda segredo
feito olhar de mãe grávida...

nuvem

uma nuvem rala
quase tocando a serra
passou leve espiando a terra
não choveu
apenas chorou três pinguinhos
com pena da mata cinza
mas a nuvem, pobrezinha,
deu tudo que tinha...