04 fevereiro 2007

GOLE


O dia ainda nem clareou. Está com sede.
Com a mão trêmula agarra o copo
Enquanto o leva até a boca, o líquido todo balança
Balança mas não perde uma gota, lambe os lábios
Faz uma careta, mostrando a gengiva sem dentes
Os olhos rasos d’água querem falar de dor
Não tem mais ninguém em sua vida
O sentido de tudo evaporou
Um gole, dois goles, goles grandes
A vista turva vislumbra outro mundo
Assim esquece a dureza do seu existir
Segue num andar largo
O sol treme e seu peito dói
Todo o seu ser é dor e angustia....