11 março 2011

exorcismo

se dentro não fosse a fornalha
mas a fornalha é nada
pior foram seus dentes desarticulando a linguagem
e seu dedo em riste ditando ordens confusas


seu mundo é difuso
minha alma estremece
ante seu olhar funesto


às vezes a raiva faísca
mas depois me acalmo
respiro fundo, fico mudo
abro a janela de mim
e faço uma prece ao vento


aí tudo sopra, dissipa-se


amém...

09 março 2011

cinzas

engoli o gosto das cinzas
deixei que os farelos queimados 
e curtidos pelo fogo
escorregassem garganta abaixo
arranhando, arranhando, arranhando


cinzas de mim, fogo de mim e de você


fecho os olhos
e na escuridão de meu poço
vejo seus olhos brilhando
a isso eu chamo graça


graça divina que só sabe amar
e nunca cansa de perdoar


eu que sou cinza e pó...