30 setembro 2006

SUBJETIVO

por Ira Brito

Um ser sensível
Cheio de necessidade
Às vezes se acha horrível
Uma calamidade...

Jogado no mundo.
Que se vire pra viver
Busque se encontrar
E amenize seu sofrer...

Sim, um ser carente
Histórico e comunitário
Parte de um todo, gente!

Quase sempre estrangeiro
Quando se acostuma, muda-se
É pedaço, é também inteiro...

26 setembro 2006

JACARANDÁ

por Ira Brito

a propósito da observação de meu amigo Valdecir Cordeiro

Perdoe-me, não foi descuido
Te vi feliz a balançar
Teus galhos e tuas flores
São mesmo de admirar
Tu tens a cor da vida
Meu lindo jacarandá...

Te sugo lá da varanda
Desço e toco em ti
Já passei apressado
E às vezes nem te vi
Sim, tive inveja
Daquele colibri...

Tuas flores vulneráveis
Me lembram a finitude
A cor lilás é a alma
Falando de plenitude
Tua beleza me arrasta
Para certa inquietude...

Teu lilás me encanta
Me alegra e me estristece

É um misto sem palavras
Assim como uma prece
É um mergulho em mim
Buscando meu alicerce...

Toda tarde aos teus pés
Há mulheres cansadas
Que voltam do trabalho
Dando altas risadas
Outras ali quietas
Ansiosas, infadadas...

Do ônibus tu és
O ponto de referência
Na avenida presencias
Barulho e imprudência
Vai e vem dos humanos
Suor, desejo, carência...

Obrigado, jacarandá
Tu anunciaste a primavera
Tuas flores avisaram
O início de nova era
Um tempo de renascer
Mandar embora as feras...

24 setembro 2006

BOAS-VINDAS!


por Ira Brito


A cigarra deu seu aviso
Com seu canto estridente
O sol ficou em eclipse
Com aparência de poente
A nuvem não se conteve
E mandou até enchente...

O sabiá deu risadas
O bem-te-vi fez a festa
A passarada toda acesa
Num clima de seresta
Recebeu a primavera
Na cidade e na floresta...

Bem-vinda, PRIMAVERA!

Do equinócio de setembro
Ao solstício de dezembro
Mais uma vez a natureza
Nos presenteia beleza...