26 setembro 2006

JACARANDÁ

por Ira Brito

a propósito da observação de meu amigo Valdecir Cordeiro

Perdoe-me, não foi descuido
Te vi feliz a balançar
Teus galhos e tuas flores
São mesmo de admirar
Tu tens a cor da vida
Meu lindo jacarandá...

Te sugo lá da varanda
Desço e toco em ti
Já passei apressado
E às vezes nem te vi
Sim, tive inveja
Daquele colibri...

Tuas flores vulneráveis
Me lembram a finitude
A cor lilás é a alma
Falando de plenitude
Tua beleza me arrasta
Para certa inquietude...

Teu lilás me encanta
Me alegra e me estristece

É um misto sem palavras
Assim como uma prece
É um mergulho em mim
Buscando meu alicerce...

Toda tarde aos teus pés
Há mulheres cansadas
Que voltam do trabalho
Dando altas risadas
Outras ali quietas
Ansiosas, infadadas...

Do ônibus tu és
O ponto de referência
Na avenida presencias
Barulho e imprudência
Vai e vem dos humanos
Suor, desejo, carência...

Obrigado, jacarandá
Tu anunciaste a primavera
Tuas flores avisaram
O início de nova era
Um tempo de renascer
Mandar embora as feras...

2 comentários:

  1. Ira! Essa é uma letra para uma música muitobonita!!! Imagino até o título: "Meu jacarandá florido"! Assim é a vida, simples, singela, mas misteriosa...Valeu

    ps: JACARANDÁ - "Árvore da família das Bignoniáceas, de flores azuis e madeira muito apreciada"

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  2. Esta aí meu amigo: você saiu do universal para o particular, da primavera do Sul para a primavera da varanda e do Jacarandá, das mulheres que esperam o ônibus e tudo o quanto há.
    Gostaria de ter sua alma de poeta (olha que inveja, rsrs...) para fazer um pedido ao colibri, algo como dizer aos transeuntes que a janela do tempo está sempre aberta para a primavera da vida.

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