22 maio 2007

portão


hoje, na saída da UFMG, no acesso à avenida antônio carlos, um cara me abordou:
- você gosta de poesia?
não esperou minha resposta, apresentou logo um folheto de capa vemelha com o título:
PA
LA
VRA
RIA


estava apressado e não pude fazer muitas perguntas. perguntei se as ilustrações eram de autoria dele também.
- não, é de um amigo. disse.
perguntei o valor: r$ 5.00. Comprei e sai às pressas. desejei bom trabalho. Ele disse:
- muito obrigado, cara!
Depois, no ônibus, me arrependi por não ter conversado um pouco mais. Amei cada verso com prazer. É tudo muito louco, anormal.
Cito um poema:

a fundo

tipo de coisa que consome
descaso
naufrago em mim
pingo feito torneira frouxa
me esvaindo
esvaindo de mim tudo que é do outro
contrário disto
me concentraria feito pimenta ardida
do gueto
ou caçachaça alambicada
da praça
e lá
naqueles bancos de concreto
qualquer voz é música
qualquer ser é Deus
qualquer gole é ouro,
qualquer coisa eu enloqueço
abandono as preces, os prazos
os prazeres
e vou de gozo em gozo gritando além.

(renato limão - edição independente - direitos reservados. renato_limão@yahoo.com.br)



Um comentário:

  1. Qual a cor do vento?
    Gostei da sua sensibilidade. Valeu Ira!
    Ô ira, e o espírito repórter?
    Olha uma dica pro ce é uma entrevista com o jornalista Cláudio Julio Tognolli. Vale apena ler: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=434AZL001

    Abração amigão!

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