Diz-se que certa vez
perguntaram a um famoso poeta
qual frase gostaria que fosse escrita em sua lápide,
ao que ele respondeu:
“Quero que seja escrito: ‘Não estou aqui’”.
O poeta era ateu.
A morte constitui um dos maiores mistérios que nos envolvem.
Ela nos comove e, muitas vezes, nos põe à prova.
Quando criança, a primeira vez que fui a um velório fiquei assustado:
não com a falecida, já idosa, de cujo rosto ainda guardo a lembrança,
mas com os lamentos e prantos dos adultos diante do caixão.
A impressão que ficou foi que a vida daquela senhora terminava ali,
com a morte.
O desespero dos parentes parecia revelar o sentimento de perda para sempre.
Não havia, pelo visto, nenhuma possibilidade de esperança.
A sensação era de tragédia.
É certo que a partida faz chorar.
Aquele que verdadeiramente cultiva os sentimentos sente a dor da ausência,
sobretudo dos próximos e de quem mais ama.
É certo que não há mal em chorar a separação das pessoas queridas.
No entanto, neste dia de memória,
em vez de pensarmos na tragicidade da morte,
poderíamos refletir sobre o que nos falta fazer
para que ninguém seja privado do direito de viver bem no tempo presente.
E, quando chegar nossa hora, saberemos que nosso destino não é a tumba.
“Não estou aqui.”
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