20 março 2009

latifúndio

os maridos partem
e elas ficam rodeadas de filhos
de precisão e saudade

eles não vão para o mar
vão para a selva dos homens

lá são explorados
e feitos pior que bichos
pelo latifúndio

do gato é a primeira unhada
o sangue cai na terra

o que um dia foi homem
perde o nome

morre indigente
deita na terra fria
sem caixão
nem reza

porão
não aqueles
dos navios negreiros

a dor é a mesma
escravidão...




2 comentários:

  1. sabe o que sinto quando te leio? que vc é de uma categoria de poetas que fala da vida, da realidade, da dor e da crueza das relações, sem sentimentalismos, sem absolutamente nenhum clichê! adoro-te!

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  2. Ira, querido, como é bom vir aqui. Teu poema em contexto de indústria cultural, trazendo esse homem já sem nome, sem pele, pura parte da engrenagem.
    Bjim
    Carpe Diem!!!

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