escrever é parir
é sofrer e depois sorrir
sorrir pelo fruto do ventre
das entranhas em carne viva
dor suada, tez cativa
escrever é deixar de ser eu
é ser alegria ou dor de outrem
é permetir que me confundam
ou que outros me encontrem
perdido nas zonas de mim mesmo
escrever é mais que fuga
é ficar na linha de frente
é um modo de ser gente
ou mesmo uma pulga
por gostar de ser eu
ou por não querer ser assim
escrevo, rabisco e declamo
reclamo, grito em mim
me desfarço, me refaço
sumo na fumaça
termino sem graça
meu humor não é da praça
sou silêncio sem calma
corpo e alma unidos
quase sempre partidos
nem sei quem sou
se ódio ou amor
se prazer e dor
tudo junto
sou um ser aí
no mundo
mundaneidade, clareidade
ou escuridão e solidão
se não sou
quero ser
vou parar
não quero terminar
não sou do fim
sou mistura de abel
e caim
Acho que já te disse, mas quando leio seus poemas imagino que você esteja os recitando pra mim. Sua voz, seu timbre sao uma extensão das palavras. E é também fabuloso o quanto consegue implantar no que escreve a mesma humildade e doçura com que vive.
ResponderExcluirBeijos
Como sempre, um belo poema, cheio de humanidade e doçura (como diz danúbio). Também queria que você declamasse seus poemas para mim.
ResponderExcluirBeijo
Carpe Diem!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNossa! Inspirado, envolto, a unidade da expressão o ser e a alma!
ResponderExcluirmeu grande abraço