27 agosto 2007
palavra I
Entro na biblioteca e contemplo os livros nas prateleiras. Enquanto os observo, o pensamento me transporta para uma cena da adolescência: estou no sertão. Sinto o cheiro de terra molhada pelas primeiras chuvas do ano. O barulho das gotas nas telhas anuncia que em breve, aquele quadro de natureza morta, dará lugar a uma paisagem viva. Em pouco tempo, ouço os coaxos dos sapos, que parece surgirem do nada, fazendo a festa nas poças e grotas. Em menos de três dias, do torrão antes seco e rachado, as sementes “desencantam” e brotam em tufos, espalhando o verde na caatinga. No cenário de ressurreição, a vida vibra e tudo respira renascimento. O ar cheira a fertilidade. Nas folhas novas das árvores surgem lagartas de muitos tamanhos e cores. Elas logo se dirigirão aos outões das casas, aos lugares protegidos da chuva e se transformarão em casulos, aguardando o tempo certo de se tornarem belas borboletas...
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